16 abril 2011

Educação Financeira

A alfabetização financeira das crianças e jovens, ou seja a capacidade para administrar o dinheiro, é um assunto que nos deve preocupar a todos, num contexto de crescente endividamento dos portugueses. E caberá ao sistema educativo e a todos os adultos a missão de ensinar aqueles que serão os homens de amanhã a terem uma maior capacidade de gestão do dinheiro. Por isso se tem um filho, um neto, ou um sobrinho na sua vida pode e deve começar a educa-lo financeiramente.

E no que diz respeito a dinheiro não há nada como colocar a criança em contacto com ele. O acto de dar uma mesada ou uma semanada é extremamente importante pois dá-lhe a responsabilidade de ter dinheiro e logo de ter de o gerir (para comprar as suas coisas ou poupar). Naturalmente que nos primeiros tempos não será de estranhar se a criança gastar todo o dinheiro com consumos mais impulsivos, não efectuando qualquer poupança. Mas lembre-se os erros em criança permite evitar muitos erros na idade adulta, fazendo parte do processo de aprendizagem no caminho para o amadurecimento financeiro. Para corrigir esses erros deve ajuda-lo a definir melhor os seus gastos envolvendo-o nas decisões de consumo familiares, como a compra de um electrodoméstico ou de um carro, explicando-lhe sempre as suas decisões.

E claro, aproveite as habituais idas às compras para o ensinar a comparar preços de bens similares, como funcionam as promoções e como os preços de bens iguais variam consoante os locais onde os adquirimos (loja de bairro, hipermercado, mercado, etc).
Quanto à poupança existem também pequenos “truques” que podem ajudar uma criança a aprender a importância que ela tem e terá na sua vida. Uma forma de os ensinar será ajudá-los a estabelecer um objectivo de consumo futuro, para o qual eles colocarão de parte um dado montante do que recebem. Desta forma aprenderão que quando se quer adquirir algo, que está no presente acima das nossas possibilidades, poupar é a melhor solução para se atingir os nossos objectivos. Igualmente muito importante é abrir-lhes uma aplicação a prazo, levando-os a acompanhar a evolução da mesma, de forma a aprenderem que a poupança quando investida traz boas recompensas no longo prazo.

Resumindo ensinar uma criança a lidar com o dinheiro e com a aplicação temporal do mesmo, é decisivo para o seu futuro pois faculta-lhe a consciência financeira necessária para evitar o descontrole das suas finanças pessoais.

05 abril 2011

NAVEGAÇÃO À VISTA

Nos dias que correm, perante as reconhecidas dificuldades económicas que o pais atravessa, paradoxalmente, constata-se que ainda subsiste uma velha característica de alguns gestores portugueses que se julgava extinta, a chamada “gestão da navegação à vista”.

Este tipo de Gestão, descura as diversas forças envolventes externas às empresas esquecendo que, actualmente, as múltiplas decisões com que se deparam diariamente estão, muitas vezes, dependentes dos efeitos das ondas de choque macroeconómicas.

Estes efeitos propagam-se, sem duvida, de forma incontrolável nas Economias e nos seus Sectores de Actividade, basta relembrar, os impactos nas nossas empresas dos recentes episódios relacionados com a nossa conturbada conjuntura politica ou, ainda mais importante, a situação económica de aflição que o pais atravessa, com um iminente pedido de ajuda externa, de forma a evitar a insolvência.

Sublinhada pelos exemplos anteriores, estes efeitos de contaminação, acontecem a uma velocidade cada vez maior, em economias globalizadas e muito abertas ao exterior, sendo os seus efeitos sentidos muito rapidamente no dia-a-dia das empresas, bastará para tal, relembrar as actuais dificuldades de tesouraria e de financiamento com que muitas empresas (grandes e pequenas) actualmente se deparam.

De facto, é importante perceber o presente em toda a sua escala, como também, inevitavelmente, é fulcral para as nossas empresas minimizarem o seu risco por via de tentativas de prever o próprio futuro em termos económicos. A gestão estratégica do risco é cada vez mais uma função crítica nas empresas, a evolução dos últimos tempos fala por si!

Por estas razões é que, decididamente, a elaboração de análises de prospectiva sobre os mais diversos temas e cenários económico-sociais terá que constituir, cada vez mais, um vector incontornável à formulação de estratégias e de linhas de acção no dia-a-dia das nossas empresas. A prospectiva é, no domínio da gestão e da economia, o radar para detectar o que já partiu e que possivelmente chegará…

Renato J. Campos
Economista

Artigo publica na revista DADA online

Link:
http://www.revistadada.com/index.php?option=com_content&view=article&id=936:navegacao-a-vista&catid=109:opiniao&Itemid=193

Financiamento e emprego!

Todos os dias, através dos meios de comunicação social, constatamos as enormes dificuldades de financiamento do Estado português nos mercados financeiros.

Os juros exigidos para comprar a nossa Divida, tem sido cada vez mais altos para colocações a curto prazo e a sua procura, já começa a desinteressar alguns investidores internacionais tidos como referência (Fundos Soberanos etc.) o que significa que, a “torneira” do financiamento do deficit do Estado pode fechar-se, restando apenas as soluções mais “duras” da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Com ou sem FMI, o financiamento da economia tem de ser normalizado o quanto antes, sob pena de as funções sociais do Estado e o aparelho produtivo português, público e privado, ser obrigado a forte contracção.

Mas se o financiamento do Estado é preocupante, aos olhos de muitos portugueses, é o desemprego que lhes motiva maiores preocupações. Mais de 600 mil pessoas são afectadas por este flagelo e a taxa de desemprego é de 11,2% em Janeiro de 2011!

Todavia, as duas situações, financiamento e desemprego, estão intimamente interligadas. São as dificuldades de financiamento da economia que influenciam, negativamente, o aparelho produtivo, o que acarreta menos produção e como tal, destruição de emprego. Pelo que, uma vez amenizada a questão do financiamento global do Estado, será altura de focar também todas as energias no crescimento económico do país.

No entanto, em matéria de desemprego, existe uma área onde o Estado pode e deve ser especialmente interventivo. Além da inquietante situação dos jovens, é ainda mais preocupante arranjar soluções para os desempregados de longa duração. Cerca de 56% dos desempregados estão à procura de emprego há mais de um ano, geralmente pessoas com mais de 45 anos e com baixa formação académica e que, dificilmente, vão encontrar colocação, o que amplifica de forma assustadora o risco de pobreza e exclusão. Este é o problema mais importante e urgente e o retomar do crescimento económico poderá não o resolver por si só.

Mesmo com hipotéticas taxas de crescimento do PIB acima de 2% (as tais, que começam a ter um impacto positivo no rácio de criação de emprego), esse crescimento irá absorver, preferencialmente, os mais jovens e qualificados, deixando a descoberto uma importante franja de desempregados envelhecidos e sem qualificações. Isto, num pais que apresenta uma das mais altas taxas de envelhecimento no mundo!


Renato J. Campos

Artigo para a Revista Dada, Março 2011

O FUTURO DAS NOVAS TECNOLOGIAS; MOBILIDADE

O Século XX foi considerado, consensualmente, como o período do advento da Era da Informação.
Já o Século XXI é e será, sem dúvida, o período da consolidação da mesma para novos formatos e princípios. Efectivamente, nos últimos tempos, temos assistido a importantes mudanças tecnológicas no que respeita a tecnologias da informação com que muitos de nós lidamos diariamente e que potencia, justamente, a nossa capacidade de inovar.

Na realidade do nosso país existem, neste contexto, boas notícias! Portugal foi no conjunto da União Europeia, segundo os últimos dados de 2010, o país que mais cresceu no que respeita á inovação, em grande medida por via da uma já identificada propensão do pais para a rápida e fácil adopção de novas tecnologias. E de facto, é perceptível que cada vez mais nas nossas empresas, as vantagens competitivas são obtidas através da utilização de redes de comunicação e sistemas informáticos que inter-relacionam os diversos actores. Todavia, não é só na área empresarial que se sente tais transformações, são perceptíveis também nas nossas casas, nas escolas e nas comunidades.

Por todas estas razões, o mercado das novas tecnologias é a nível mundial, dadas as suas taxas de crescimento e abrangência, um dos mais dinâmicos de todo o espectro económico, designadamente por via de um “novo” princípio no qual também assenta, a mobilidade absoluta, um elemento chave na actual sociedade da informação por força da afirmação progressiva de quatro grandes tendências.

Em primeiro lugar, o acesso massificado à rede decorrente da disponibilização generalizada de infra-estruturas e serviços de comunicações electrónicas (Internet de banda larga, LTE, fibra óptica etc.), a preços tendencialmente competitivos. Em segundo lugar, destaca-se o crescente leque de funcionalidades que os mais recentes dispositivos móveis (Notebooks, Smartphones, Tablet’s etc.) têm vindo, evolutivamente, a apresentar. Decorrente de tais dispositivos destaca-se em terceiro lugar, a afirmação do conceito de “loja virtual” de venda de aplicações, com significativas potencialidades no que concerne á difusão de ferramentas tecnológicas inovadoras no nosso dia-a-dia e na forma como interagimos com a informação, inclusive no que concerne aos meios de comunicação social. Por fim, o ultimo factor que se salienta, é a chamada computação na “nuvem” em que dados, ficheiros e aplicações residem em servidores físicos ou virtuais, acessíveis por meio de uma rede em qualquer dos dispositivos mencionados, o que potencia a acessibilidade remota de quantidades significativas de informação.

De facto, na actual dinâmica em que nos movemos, cada vez mais ganha maior preponderância a capacidade de obter e partilhar qualquer informação, instantaneamente, de qualquer lugar, em qualquer momento e da maneira mais eficaz, no sentido da convergência de tecnologias, de plataformas e de conteúdos.

Ignorar ou não acompanhar esta evolução tecnológica, na crescente sociedade de informação em que nos movemos, será regredirmos, irredutivelmente, para um passado sem presente e, sobretudo, sem futuro!


Renato J. Campos

Artigo Publicado na revista DADA online


link:
http://www.revistadada.com/index.php?option=com_content&view=article&id=867:o-futuro-das-novas-tecnologias-mobilidade&catid=109:opiniao&Itemid=193

AUSTERIDADE, SOLUÇÃO OU PROBLEMA?

AUSTERIDADE, SOLUÇÃO OU PROBLEMA? Terça, 05 Fevereiro 2013 17:01 É inequívoco que Portugal vive uma grave crise. Possui uma dívida soberana...