11 novembro 2011

A BANCA TEM DE FINANCIAR A ECONOMIA

Em altura da discussão do Orçamento de Estado para 2012, perante medidas de austeridade que deixaram os portugueses receosos e sob risco do saneamento das finanças públicas poder ter um resultado socialmente insuportável, as preocupações sobre o crescimento económico ganharam nova e merecida acuidade.
Para sair da crise, é necessário que a economia cresça e proporcione riqueza e emprego, sendo imprescindível, para tal, que a banca assegure o seu financiamento.
Contudo, decorre um braço de ferro entre a banca, a “troika” e o governo português em torno da capitalização dos bancos, sendo inevitável que os accionistas e/ou o Estado terão que, rapidamente, injectar capitais no nosso sistema financeiro. A grande questão é quem e em que condições! Ou a ajuda á banca nacional decorre por via da sua parcial nacionalização ou, alternativamente, por via da ajuda financeira aos principais devedores da banca (empresas públicas, autarquias e a Madeira) que poderiam assim amortizar grande parte das suas dívidas e, num sistema de vasos comunicantes, permitir que os Bancos libertassem recursos para os agentes privados.
Hoje os bancos não têm liquidez suficiente para continuarem a conceder novos créditos e a “troika” insiste que estes têm de recorrer à linha de crédito de € 12 mil milhões para se financiar mas, ao mesmo tempo, forçam os Bancos a reduzir o rácio crédito/depósito de 150% para 120%. Ou seja, só poderão conceder empréstimos em mais 20% do valor dos depósitos que cativam. Em simultâneo, exigem que os Bancos elevem os seus capitais próprios.
Perspectiva-se, na linha do horizonte, perigosas ameaças de um colapso do sistema financeiro europeu. Importa pois, que sejam tomadas medidas concretas para muscular o sistema financeiro português e consequentemente, permitir que este possa voltar a financiar a economia real.
Sem financiamento não há investimento, sem este não haverá crescimento da riqueza e sem esta, as contas públicas não serão equilibradas!

Renato J. Campos
Economista
Publicado na Revista DADA

AUSTERIDADE, SOLUÇÃO OU PROBLEMA?

AUSTERIDADE, SOLUÇÃO OU PROBLEMA? Terça, 05 Fevereiro 2013 17:01 É inequívoco que Portugal vive uma grave crise. Possui uma dívida soberana...