22 julho 2013


O VERDADEIRO DESPERDÍCIO!

 
O principal indicador para avaliar a prosperidade económica de um país, é o Produto Interno Bruto (PIB) e os principais fatores que influenciam a variação do produto são: a produtividade e a quantidade de fatores de produção (capital, trabalho e conhecimento) empregues ao serviço da economia. 
 
No caso de Portugal, a análise da variação do nosso PIB exibe uma situação de grave recessão, em grande medida, derivada da utilização pouco eficiente dos fatores produtivos. E de facto, a falta de produtividade é um problema estrutural há muito identificado em Portugal, resultante da pouca incorporação de “Conhecimento” no trabalho e da pouca rentabilização do capital. Porém, proporcionalmente bem mais grave, é a não utilização plena dos nossos fatores produtivos, fazendo com que o PIB português não se encontre no seu nível potencial, isto é, o equivalente ao patamar de pleno emprego dos fatores de produção. 
 
Assim, na atual grave recessão, existe um elevado hiato do produto, ou seja, a diferença existente entre o produto efetivo (o que produzimos) e o produto potencial (o que poderíamos produzir), o que demonstra uma inequívoca subutilização dos nossos fatores produtivos, nomeadamente ao nível do fator trabalho. O número de quase um milhão de desempregados simboliza bem este desaproveitamento.
Resultado: um verdadeiro desperdício, derivado de medidas de austeridade que visam obter uma desvalorização competitiva, refletida na quebra acentuada dos custos de mão de obra obtida à custa do aumento do desemprego. Sinteticamente, menos oferta de emprego e muitos desempregados equivale a menores remunerações.
 
Porém, tal como a história económica sempre o demonstrou, estas medidas fracassaram estrondosamente. Porquê? Porque os modelos que estão na base das políticas económicas assentes na teoria da austeridade, ignoram algo muito importante: o desemprego corresponde a um massivo desperdício de recursos valiosos. Porque níveis de desemprego acima da taxa natural, correspondem a bens e serviços que os desempregados podiam ter produzido e não o fizeram, bem como, receitas fiscais provenientes do trabalho que são desperdiçadas.
 
É por esta razão que muitos defendem políticas económicas de inspiração Keynesiana, viradas massivamente para o incentivo ao crescimento pela via da “procura”. Não é um cliché, é ciência económica e já está na hora de “ligar o motor” e fazer crescer a economia!
Renato J. Campos
Economista

in
Revista DADA Maio

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