Todos os dias, através dos meios de comunicação social, constatamos as enormes dificuldades de financiamento do Estado português nos mercados financeiros.
Os juros exigidos para comprar a nossa Divida, tem sido cada vez mais altos para colocações a curto prazo e a sua procura, já começa a desinteressar alguns investidores internacionais tidos como referência (Fundos Soberanos etc.) o que significa que, a “torneira” do financiamento do deficit do Estado pode fechar-se, restando apenas as soluções mais “duras” da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Com ou sem FMI, o financiamento da economia tem de ser normalizado o quanto antes, sob pena de as funções sociais do Estado e o aparelho produtivo português, público e privado, ser obrigado a forte contracção.
Mas se o financiamento do Estado é preocupante, aos olhos de muitos portugueses, é o desemprego que lhes motiva maiores preocupações. Mais de 600 mil pessoas são afectadas por este flagelo e a taxa de desemprego é de 11,2% em Janeiro de 2011!
Todavia, as duas situações, financiamento e desemprego, estão intimamente interligadas. São as dificuldades de financiamento da economia que influenciam, negativamente, o aparelho produtivo, o que acarreta menos produção e como tal, destruição de emprego. Pelo que, uma vez amenizada a questão do financiamento global do Estado, será altura de focar também todas as energias no crescimento económico do país.
No entanto, em matéria de desemprego, existe uma área onde o Estado pode e deve ser especialmente interventivo. Além da inquietante situação dos jovens, é ainda mais preocupante arranjar soluções para os desempregados de longa duração. Cerca de 56% dos desempregados estão à procura de emprego há mais de um ano, geralmente pessoas com mais de 45 anos e com baixa formação académica e que, dificilmente, vão encontrar colocação, o que amplifica de forma assustadora o risco de pobreza e exclusão. Este é o problema mais importante e urgente e o retomar do crescimento económico poderá não o resolver por si só.
Mesmo com hipotéticas taxas de crescimento do PIB acima de 2% (as tais, que começam a ter um impacto positivo no rácio de criação de emprego), esse crescimento irá absorver, preferencialmente, os mais jovens e qualificados, deixando a descoberto uma importante franja de desempregados envelhecidos e sem qualificações. Isto, num pais que apresenta uma das mais altas taxas de envelhecimento no mundo!
Renato J. Campos
Artigo para a Revista Dada, Março 2011
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