16 janeiro 2009

A GÉNESE DA CRISE FINANCEIRA INTERNACIONAL.

Na última década, viveu-se um período de baixas taxas de juro, historicamente, as mais baixas de que há registo. A persistência desta situação , durante um período prolongado de tempo, criou a sensação de taxas de juro baixas sistémicas, ou seja, “eternamente” baixas.

Face a este contexto, as instituições financeiras – sobretudo Norte Americanas - para alcançarem rendibilidades mais elevadas, adoptaram uma estratégia, em que as perdas resultantes das baixas taxas de juro eram compensadas por aumento de volumes, nomeadamente, expansão das carteiras de crédito, resultando assim, em menor aversão ao risco ou inclusive, numa avaliação “mais laxista” do risco envolvido. Em simultâneo, os particulares, confiando na estabilidade das taxas de juro reduzidas e no acesso “muito” facilitado ao crédito, endividaram-se de forma crescente, sobretudo para aquisição de habitação.

Entretanto, nos Estados Unidos (em especial), a inovação financeira permitiu o desenvolvimento de produtos que agrupavam carteiras de crédito, que eram posteriormente revestidas de títulos transaccionáveis, permitindo assim aos bancos, retirar dos seus balanços, os créditos concedidos, o que possibilitava a continua concessão de crédito de forma quase “ilimitada”. Por outro lado, estes créditos titulados (revestidos!) eram adquiridos, por outras instituições financeiras em todo o mundo, ficando desta forma, expostas ao risco do crédito imobiliário nos EUA .

No entanto, em 2006, os preços das casas nos EUA começaram a cair e a taxa de incumprimento dos créditos à habitação dos particulares, com rendimentos mais precários (Subprime ), iniciou uma tendência de subida. Nalguns casos, o crédito tinha sido inicialmente concedido a famílias de baixo rendimento, no pressuposto de que as suas habitações se continuariam a valorizar.

Porém a queda de preços no mercado imobiliário, contrariou este pressuposto dos Bancos, impedindo-os de conseguirem valorizar estes títulos (em especial os do mercado Subprime, com maior nível de risco/incumprimento) o que implicou, que os investidores já não estivessem dispostos a comprá-los, baixando, inevitavelmente, os preços destes títulos de forma drástica.

As entidades que tinham recorrido a crédito para adquirir títulos Subprime, viram o prazo destes vencerem-se, sendo incapazes de venderem os títulos que compraram com estes empréstimos, tendo assim, forçosamente, de alienar activos alternativos com reconhecido valor, originando assim, quebras substanciais no seu valor cotado, por via das vendas “intempestivas” de activos que tiveram que realizar, tendo como resultado final, importante contracções dos balanços dos Bancos.

Entretanto, a incapacidade do mercado, em identificar as instituições com títulos Subprime , gerou uma onda de desconfiança generalizada no sector, aumentando a possibilidade de falência de Bancos, o que obrigou ao congelamento de vários mercados e á necessidade de intervenção das autoridades monetárias.

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