18 janeiro 2012

UM EVENTUAL REGRESSO AO ESCUDO

Perante a actual conjuntura, decorrente da crise das dívidas soberanas que assola a Zona Euro, anda no ar a seguinte questão: como seria um eventual regresso ao escudo?
Não temos dúvidas que, num cenário de colapso do euro e/ou simplesmente de Portugal deixar o euro, haveria consequências dramáticas! Segundo vários especialistas, a desvalorização associada ao regresso ao escudo poderia variar entre 30 a 50 por cento. Em termos exemplificativos, um depósito de 100 euros no banco passaria, de um dia para o outro, em escudos, a equivaler apenas 70 ou mesmo 50 euros.
Para o sector financeiro seria também dramático em virtude do seu não acesso pleno às linhas de crédito internacionais como, inevitavelmente, as poupanças dos aforradores teriam tendência a fugir dada a natural desvalorização dos depósitos bancários. Por sua vez, nos empréstimos bancários, a sua conversão seria automática para escudos à taxa de câmbio fixada nesse dia, sendo certo que a mesma seria diferente (mais elevada dada a desvalorização da moeda) da utilizada aquando da nossa adesão ao Euro provocando imparidades negativas. Inevitavelmente, para além de uma acentuada subida das taxas de juro, a liquidação por ex: de um antigo empréstimo de 500 euros traduzir-se-ia num valor certamente muito superior a cerca de cem contos.
Em termos da nossa actual divida junto dos mercados, o seu pagamento continuaria a ser feito em Euros, o que acarretaria um esforço maior na sua liquidação.
A nível comercial, a desvalorização do escudo tornaria as nossas exportações mais competitivas mas, em contrapartida, as importações ficariam mais caras provocando um aumento da inflação.
Finalmente, em termos de nível de vida das famílias e considerando que o preço das importações subiria numa proporção inversa à desvalorização do escudo face ao euro, o nosso poder de compra poderia regredir para aproximadamente metade do actual!
Em suma, um cenário catastrófico que urge evitar!

Renato J. Campos
Publicado na revista Dada

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